Vacinas
A Esgana ou Doença de Carré é uma doença infeciosa
provocada por um vírus muitas vezes fatal e que afeta o sistema
respiratório, sistema digestivo e neurológico.
Esta doença possui uma distribuição mundial e antes de se
iniciarem os programas de vacinação constituiu uma grande causa
de morte em cães jovens.
A Esgana afeta cães e outros carnívoros selvagens tais como
ursos, raposas e furões.
Os cachorros com idades entre os 3 e os 6 meses de idades são os
mais suscetíveis de contrair a doença e de morrerem devido a
ela. A taxa de mortalidade é próxima de 50 %.
A doença é transmitida através de secreções, principalmente
aéreas - aerossóis. O vírus é captado pelas células do sistema
imunitário do cão e é rapidamente transportado por todo o
organismo através do sistema linfático. Após uma semana o vírus
atinge os epitélios respiratório e digestivo e o sistema nervoso
central surgindo os sintomas mais específicos.
O primeiro sintoma a surgir é a febre. Depois seguem-se a perda
de apetite e as secreções nasais. A restante sintomatologia
depende da estirpe do vírus e da imunidade do cão e inclui:
vómitos, diarreia, tosse, mioclonias (contrações musculares),
paralisia, convulsões, conjuntivite e endurecimento das
almofadas plantares e plano nasal.
O diagnóstico é feito conjugando a clínica com análises
sanguíneas: serologia ou PCR.
O tratamento é de suporte: antibióticos para prevenir infeções
bacterianas e cuidados de enfermagem-alimentação forçada.
Alguns cães conseguem sobreviver à fase aguda da doença e
recuperam totalmente. Outros, principalmente cachorros e os
animais com sintomatologia nervosa acabam por falecer por
complicações relacionadas com a esgana.
O que é a Parvovirose Canina?
A Parvovirose Infeciosa Canina (CPV) é uma doença recente, que
surgiu nesta população em 1978. Devido à severidade da doença, e
à sua rápida propagação na população canina, a CPV causou grande
interesse.
O vírus causador desta doença é semelhante ao da Parvovirose
felina, tornando as duas doenças semelhantes. Por isso, tem-se
especulado que o vírus canino é uma mutação do vírus felino.
Contudo, ainda não foi provado.
Como é que o cão a contrai?
O agente causador da CPV, conforme o nome indica é um vírus. A
principal causa deste vírus são as fezes de cães infetados. Os
dejetos de um cão infetado pode ter uma grande concentração de
partículas virais. Certos animais ficam infetados ao ingerirem o
vírus. Consequentemente, o vírus é transportado até ao
intestino, onde invade a parede intestinal, causando inflamação.
Contrariamente a outros vírus, a CPV é estável no ambiente e
resistente ao calor, detergentes e álcool. Em temperatura
ambiente, a CPV pode resistir nas fezes do cão durante 3 meses.
Devido à sua estabilidade, o vírus é facilmente transmitido
através do pelo ou patas de cães infetados, calçado contaminado,
roupas e outros objetos contaminados. O contacto direto entre
cães não é o único meio de propagação do vírus. Os sinais
clínicos manifestam-se no cão, 7 a 10 dias após a infeção
inicial.
Que efeitos provoca no cão?
As manifestações clínicas do CPV são variáveis, mas as mais
frequentes são os vómitos e diarreia. A diarreia pode ou não
conter sangue. Além disso, podem também manifestar falta de
apetite, depressão e febre. É importante salientar que muitos
cães podem não mostrar todos os sinais clínicos, mas os vómitos
e a diarreia são os sintomas mais comuns; os vómitos surgem
primeiro. A Parvovirose pode afetar cães de todas as idades, mas
é mais comum em cães com menos de 1 ano. Os cachorros com menos
de 5 meses são os mais afetados, e os mais difíceis de tratar.
Como é diagnosticada?
Os sinais clínicos da CPV podem ser confundidos com os de outras
doenças, nomeadamente os vómitos e a diarreia; consequentemente
o diagnóstico da CPV é muitas vezes um desafio para o
veterinário. A confirmação da contração da CPV é através das
fezes ou da deteção de anticorpos anti-CPV no sangue. Por vezes,
um cão contrai Parvovirose, mas nos testes o resultado é
negativo; felizmente não é uma situação muito comum. Uma
tentativa de diagnóstico é muitas vezes baseada na presença de
um número reduzido de glóbulos brancos (Leucopénia).
Se for necessário mais confirmações, as fezes ou sangue, poderão
ser submetidas a novos testes laboratoriais. A ausência de
Leucopénia não significa que o cão não tenha contraído a CPV.
Alguns cães que se tornem clinicamente contaminados podem não
ter necessariamente Leucopénia.
Podem ser tratados com sucesso?
Não existe tratamento que mate o vírus que infecta o cão.
Contudo, o vírus não causa diretamente a morte; antes, causa a
perda da continuidade do trato intestinal. Resultando em
desidratação, desarranjo eletrolítico (sódio e potássio), e
infeção sanguínea (septicemia). Quando as bactérias que
normalmente “vivem” no trato intestinal chegam à corrente
sanguínea, o mais provável é que o animal morra.
O primeiro passo é tratar da desidratação e do desarranjo
eletrolítico. Isto requer a administração de fluídos
intravenosos, que contenham eletrólitos. Antibióticos, previnem
e controlam a septicemia. Os antiespasmódicos são usados para
controlar os vómitos e diarreia.
Qual a taxa de sobrevivência?
A maioria dos cães infetados com CPV, recuperam com o uso de um
tratamento agressivo. Se a terapia for iniciada antes da
ocorrência de septicemia e desidratação. Por razões
desconhecidas, algumas raças, principalmente os Rottweiler, têm
uma maior taxa de fatalidade do que outras raças.
Pode ser prevenida?
A melhor forma de proteger o seu cão da CPV é a vacinação. Aos
cachorros é-lhes administrada a vacina, em que parte desta atua
sobre a Parvovirose, sendo aconselhável fazê-la na 8ª,12ª e 16ª
semana de idade. Depois do programa de vacinação dos cachorros,
todos os cães devem ser vacinados pelo menos uma vez por ano.
Cães com maior exposição (como é o caso de canis, exposições
caninas, etc.) necessitam de ser protegidos com uma vacina de 6
em 6 meses. As cadelas prenhas devem ser vacinadas com duas
semanas de gestação de forma a transmitirem anticorpos
protetores aos cachorrinhos. A decisão final do calendário de
vacinação deverá ser feita pelo seu veterinário.
Existe alguma maneira de eliminar o vírus do ambiente?
A estabilidade do CPV no ambiente torna importante a devida
desinfeção das áreas contaminadas. Dá mais resultado se for
acompanhado de uma desinfeção dos recipientes de comida, da água
e de outros objetos contaminados com uma solução de meio copo de
hipoclorito de sódio (lixívia) numa medida de água (33ml num
litro de água). É importante que o cloro seja utilizado, uma vez
que a maior parte dos desinfetantes antibacterianos não elimina
a Parvovirose Canina.
Colocará a Parvovirose a saúde em risco? E a dos gatos?
É importante salientar que na atualidade, não há nenhuma
indicação de que a CPV seja transmissível a gatos ou humanos.
Tosse do Canil
Não é uma doença específica, mas sim um grupo de sinais clínicos
que podem ser causados por um ou vários agentes infeciosos
(Bactérias e vírus).Tal como o nome indica o principal sinal clínico é a tosse.
Ocorre principalmente em cães que recentemente tiveram em canis
ou em aglomerações de cães de diversas origens (exposições,
centros de treino, para cães). A maior parte dos cães que
padecem tosse do canil podem ser contagiados nos seus passeios
habituais de dia a dia em jardins públicos quando contactam com
um animal infetado.
O contágio dá-se pela inalação do agente seguida da sua
multiplicação nas células do aparelho respiratório (vias aéreas
superiores). Os sinais clínicos surgem 4 a 5 dias após o
contágio. A cura, mesmo em casos mais graves, pode demorar duas
a três semanas e em muitos animais a infeção é inaparente.
Sinais Clínicos:
O principal sintoma é uma tosse seca e irritante, embora também
possa ser húmida e produtiva.
A tosse agrava-se quando há excitação ou exercício. Em animais
mais afetados, após um acesso de tosse, pode haver tentativa ou
mesmo vómito.
Espirros podem surgir em estádios iniciais assim como descarga
nasal mucosa.
São animais que continuam ativos, brincam e com apetite. Em
casos crónicos, sem terapia adequada, o animal pode desenvolver
pneumonia com febre e perda de apetite.
Tratamento:
Alguns casos resolvem-se espontaneamente sem tratamento, mas
geralmente o animal tem que fazer terapêutica para prevenir o
aparecimento de pneumonias.
Deve ser consultado o Veterinário.
Evitar exercício e excitação uma vez que vão agravar a tosse.
Controlo:
O maneio é importante. Canis pequenos e com má ventilação
favorecem a disseminação da doença.
Quando há um surto de tosse do canil deve-se fazer uma
desinfeção do canil e um vazio sanitário de uma
a duas semanas, antes de adquirir novos animais.
Existem vacinas que podem ser aplicadas, mas cuja imunidade é de
curta duração.
A Leishmaniose Canina
Durante o mês de dezembro de 2012 e janeiro de 2013, em apenas
numa das nossas unidades, diagnosticamos 15 novos casos de
Leishmaniose. Alertamos os donos de cães para a vacinação
adequada de todos os seus animais de estimação. A vacina protege
o animal, já que as coleiras ou pipetas não têm a capacidade de
o proteger contra esta doença. A vacina contra a Leishmaniose,
tem uma eficácia entre 80% e 90% de proteção e, como induzem uma
forte resposta imunitária, podem servir até como tratamento da
doença.
A Leishmaniose Canina é provocada por um parasita que se
denomina Leishmania, que tem o seu ciclo biológico em dois
hospedeiros: Um inseto (flebótomo) que serve como vetor e um
vertebrado (canídeo) que serve como reservatório da doença.
Ciclo:
1-Só a fêmea do mosquito é que pica e adquire os amastigotas. (É
mais ativa ao fim da tarde);
2-Multiplicam-se no intestino do mosquito promastigotas;
3-Pela picadura do mosquito passam ao cão;
4-Multiplicação ativa dentro dos macrófagos do cão infetado;
5-Distribuição a órgãos hematopoiéticos, especialmente a medula
óssea. Migram: pele, fígado, rim, aparelho digestivo, coração,
articulações, próstata, todos os órgãos; (Esta disseminação é
diferente para cada animal).
Nem todos os animais infetados desenvolvem a doença.
Existem cães que são sensíveis à infeção por Leishmania e
outros cães são resistentes devido a:
1- Imunidade mediada celular: através dos linfócitos T, do
subtipo Th 1 que produzem Interferon Gamma e outras citoquinas.
O Interferon Gamma induz a síntese de uma enzima nos macrófagos
que catalisa a formação de uma substância de efeito
leishmanicida;
2- Imunidade humoral: os anticorpos não são protetores e são
pouco eficazes quando o parasita se encontra dentro dos
macrófagos.
Em animais sensíveis não se produz resposta imunitária =>
infeção de pele disseminação por todo o organismo.
Existem diferenças genéticas da resposta imunológica e animais e
raças com diferentes capacidades de resposta frente a
Leishmaniose.
Quadro Clínico da doença
• 6 meses a 12 anos;
• Não há predisposição de sexo;
• 62% são cães de raças grandes;
• Quadro clínico amplo e variado;
• Evolução lenta e progressiva;
• Doença crónica.
• Aumento de gânglios linfáticos
• Anorexia
• Depressão
• Seborreia seca
• Perda de peso
• Febre
• Pioderma
• Coxeira/artrite e sinovite
• Diarreia
• Vómitos
• Epistáxis
• Esplenomegalia
• Poliúria/polidipsia
• Uveítes
• Derrame Pericárdico
• Arritmias com insuficiência cardíaca
• Insuficiência hepática
Nem todos os casos apresentam este conjunto de sintomas o que
torna o diagnóstico difícil. Os sinais clínicos podem demorar
meses ou anos a aparecer.
A Leishmaniose pode provocar perda de peso, atrofia
muscular, palidez de mucosas, aumento dos gânglios linfáticos, e
sangramento nasal. As lesões de pele são frequentes, os animais
apresentam pelo sem brilho, zonas sem pelo e descamação. Podem
aparecer úlceras na zona do focinho e outros locais da
superfície corporal. Podem até aparecer lesões oculares,
sintomas digestivos e neurológicos. É frequente observar-se
anemia, aumento das gamaglobulinas e perda de proteínas pela
urina. Quando esta doença afeta os rins, os valores de ureia e
creatinina aumentam e ficam muito alterados.
Lesões Cutâneas
São frequentes, não pruriticas, nem dolorosas 43% dos casos
/diagnóstico Alopécia e seborreia seca, orelhas, zona
periocular, extremidades e dorso. Dermatites ulcerativas no
prepúcio, boca, pontos de pressão.
Nódulos com aspeto tumoral na pele ou mucosas 3,4%.
Rim
No momento do diagnóstico, 34% dos cães apresentam insuficiência
renal, 18% doença glomerular sem insuficiência renal,
glomerulonefrite membranosa: formação de imunocomplexos
circulantes que se depositam na parede dos vasos do glomérulo
dando origem a falha renal e proteinúria: o seu valor indica-nos
o grau de lesão do rim.
Diagnóstico
Observação direta de amastigotas do parasita dentro ou fora dos
macrófagos: medula óssea, gânglio linfático, pele, líquido
sinovial ou qualquer outro tecido ou líquido.
Punção de Medula óssea: diagnóstico 90,7 %
Gânglio: diagnóstico 83%
Citologia aspirativa: nódulos da pele, articulações, baço e
fígado, por aposição em mucosas e pele.
Biópsia de pele: Imunoperoxidase.
Serologia: Podem ajudar, mas só nos indicam a presença de
anticorpos, mas não necessariamente a presença da doença.
% elevada de títulos positivos desenvolvem sinais clínicos.
Teste serológico negativo: doença pode estar presente.
PCR: demonstração do DNA de Leishmania na medula óssea ou outros
tecidos: o mais sensível e específico.
Análises Clínicas:
Anemia não regenerativa 45%
Hiperglobulinemia 100%
Insuficiência renal:
Uremia
Hipercreatinemia
Proteinuria
Síndrome nefrótico:
Hipo albuminemia
Proteinuria
Hipercolesterolemia
Ratio Proteína-Creatinina
Tratamento
Carácter crónico;
Difícil cura; Resposta variável de cada animal;
Apesar do tratamento: recaídas e/ou reinfeções;
Tratamentos e controles periódicos;
Zoonose.
Animais com envolvimento cutâneo
Glucantime 60-100 mg/kg via sc dividida em duas injeções diárias
até cura clínica
Alopurinol 20mg/kg via oral repartido duas vezes ao dia, de
forma contínua e sem interrupções (no mínimo
um ano)
Controle de proteínas totais e Proteinograma de 6 em 6 meses
Animais com Proteinúria (aumento de proteínas na urina):
Alopurinol 20mg/kg via oral repartido duas vezes ao dia.
Dieta Específica rim
Animais com Insuficiência Renal
Alopurinol 10mg/kg
Dieta Específica rim
NÃO SE ESQUEÇA A VACINAÇÃO CONTRA A LEISHMANIOSE É MUITO
IMPORTANTE.
Fonte:
ONEVET - Hospital Veterinário Porto